terça-feira, 26 de abril de 2011

Blog, Orkut, Ação: uma experiência no ensino de Língua Portuguesa - Parte I

Eu devo ser uma das poucas pessoas que consegue viver emoções fortes em um emprego público. Todo mundo sabe que a tão almejada estabilidade no emprego vem acompanhada de um tédio profundo em atividades que se repetem continuamente, ad infinitum (que no caso, é a aposentadoria compulsória por causa dos baixos salários da categoria). Comigo tem sido diferente, é uma surpresa atrás da outra, e assim, certamente, terei muitas histórias para contar...
Lembro bem o dia, há pouco mais de dois anos, passava um pouco das 17h, quando recebo um e-mail dizendo que eu comparecesse no dia seguinte na Secretaria de Educação do Estado com todos os meus documentos pois eu havia sido selecionado para o Curso de Especialização (Pós-Graduação) em Tecnologias na Educação da Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Paralizei em frente ao computador! Realizara um sonho!!
Fazer o curso não foi fácil, pois foi numa época de muito trabalho, muitas vezes sendo as madrugadas os horários que me restavam para estudar. Meio a isso vieram coordenações pedagógicas em instituições de ensino, coordenação em programas de inclusão digital, oficinas de educação digital, minicursos de Linux, Programas de Formação de Professores em Educação Digital... Atualmente, estou a ministrar um curso de Tecnologias em Educação, semipresencial, pelo MEC.
Pense numa novidade! As horas presenciais são comuns como as outras, mas as horas a distância é de uma permanente atenção, e essas acontecem através de um Ambiente Colaborativo de Aprendizem, o e-Proinfo (ou Proinfo eletrônico). É preciso está acompanhando os debates dos cursistas nos Fóruns e até está intermediando estes, acompanhando as postagens na Biblioteca, orientando as edições de textos, gerenciando e-mails... Promovendo uma verdadeira integração entre as tecnologias da informação e da comunicação, uma metodologia baseada na teoria do Construcionismo.
Mas em fim, era chegada a hora de apenas dizer como os outros deveriam utilizar as tecnologias na educação, arregaçar as mangas e fazer. Em que pese o curso de formação de professores com a integração de tecnologias já seja um “arregaçar de mangas e fazer”. Só que num espaço como no ensino fundamental, que não possui um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem pré-definido, e com adolescentes e não professores, a realidade é diferente.
Um fato é que, estando na coordenação pedagógica de uma escola de ensino fundamental, fui convidado a dá aulas de língua portuguesa em duas turmas do 9º ano, pois que tenho curso de aperfeiçoamento em Ensino de Língua Portuguesa, Matemática e Cidadania (IFRN). Ufa! A proposta do ensino de língua portuguesa baseada na teoria da interação verbal, com competências em gêneros textuais... Na era da informação e do conhecimento... Da internet... Das redes sociais... Nos chama a um desafio e uma responsabilidade diferenciada.
Começamos trabalhar com caracterização e diferenciação de gêneros textuais, estruturação e produção do texto. A experiência da produção teve ênfase no gênero chamado “conto”. As turmas, num total de 46 estudantes, deram início as suas produções, porém, propositadamente, diferente do que costumava fazer, para que pudesse observar melhor o comportamento dos estudantes em cada etapa do projeto, não anunciava a fase seguinte.
Começamos com eu contando para as turmas algumas peraltices da minha infância (memórias) e em seguida procurando estimulá-los a lembrar e contar as suas. Apareceram as mais belas histórias. Agora a ideia seria transformá-las em Contos e os estudantes logo encaminharam as primeiras escritas. De uma forma um meio “relaxado”, inclusive!
Ontem a noite, quando cheguei para os estudantes, os informei da proposta de que seria elaborado um portfólio virtual (um Blog!) onde seriam postados todos os contos. Em silêncio, observei que os estudantes se entreolhavam e voltavam a reler seus textos, alguns começavam a rabisca-los. Logo ouvi uma vóz, baixinho: “Vou refazer o meu conto!”. Não entregar o texto apenas para que o professor visse e devolvesse talvez rabiscado ou com alguma nota, e que seria publicado para leitura e interação com muitos outros, certamente faria alguma diferença para o escritor. Inclusive, ao final do horário, já havia voluntários de mais para confeccionar e gerenciar as postagens no Blog.
“Então temos que trazer digitado?” - “Trago num CD, né?” – “Posso trazer num pendrive?”.  
- Não! Vocês me enviam pelo Orkut. – Respondi!
... E logo, num próximo post, assim que concluirmos a experiência, relatarei os resultados dos trabalhos!

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